Album Review - Blaenavon - That's Your Lot

That's Your Lot é o primeiro álbum da banda britânica de ghostjazz/indie Blaneavon.

Eu já acompanho esta banda à um ano, por isso este álbum foi de uma enorme ansiedade e expectativa, e posso dizer que eles nunca desiludem, este álbum destaca-se pela sua simplicidade, harmonias e um ótimo talento da banda de saber distinguir os momentos calmos dos momentos explosivos.

Era o meu objetivo escrever sobre as musicas mais influentes do álbum, mas é me impossível pois acho que todas as músicas merecem destaque.

O álbum começa com com Take Care, música típica desta banda, com uma progressão muito boa, começando calmamente e indo crescendo. No geral uma música muito boa e uma grande introdução ao álbum.

Vou falar agora das 3 próximas músicas no geral, pois são 3 singles da banda muito bons, semelhantes, mas também tem as suas diferenças. Let's Pray, destaca-se pela seu riff de guitarra calmo e pelos backing vocals "Sanity won't pay for me" , uma das melhores desta banda, uma música calma que enquadra muito bem o seu nome Let's Pray.

De seguida temos Orthodox Man, outro single, que fala sobre um relação possessiva que o autor tenta escapar, e esta música descreve isso, tanto ao nivel da letra como da musicalidade, uma música que tem a sua agressividade, principalmente no drive-bass e na bateria, mas que tem também os seus momentos calmos no pré-refrão com os backing vocals.

A quarta música do álbum é My Bark Is Your Bite, que provavelmente foi o single com mais sucesso, e é compreensível, está musica ao contrario da anterior, é uma música conduzida pela guitarra e o que torna esta musica especial é o riff de guitarra durante o refrão, sem strumming, fazendo lembrar os dedilhados clássicos, ou até os riffs dos The Smiths, uma música muito boa que merece o seu reconhecimento.

Lonely Side, é a música que se segue que, pessoalmente é a minha preferida. Esta música fala sobre um amor não correspondido por uma figura mítica, provocando esta falta de amor uma estrada solitária e sem rumo. Musicalmente esta música é perfeita, os sintetizadores e a guitarra a fazer lembrar os anos 80, os acordes de piano a tocar no primeiro pré-refrão, os backing vocals durante a música toda, e a guitarra acústica a acompanhar os vocais de Ben nos últimos momentos. Esta música transmite um misto de felicidade e de tristeza, que é impossível deixar de a ouvir. Simplesmente não tenho nada a apontar a esta música, genialidade é tudo o que tenho a acrescentar.

Let Me See What Happens Next, é a música que se segue, uma balada no piano nostálgica, e é a música que divide o álbum em duas partes. Uma primeira parte mais indie pop, com músicas que apesar de uma letra triste tem uma sonoridade e musicalidade mais alegre, de uma segunda parte mais mórbida, com letras mais complexas e de difícil interpretação e uma musicalidade mais dark.

A faixa número sete Alice Come Home, é uma musica com pouca letra, repetida ou longo da composição, que mais uma vez fala de solidão. A musica começa apenas com guitarra e o falsette de Ben, introduzindo um refrão que apesar de ter a mesma letra do verso cresce para uma das músicas mais indie rock do álbum, com um riff de guitarra agressivo e uma mudança muito grande no tempo, de seguida a formula é repetida até haver um interlude pacifico de dois minutos, como se a banda estivesse a recuperar de toda a energia gastada.

Após este momento energético e de calma, a banda apresenta Ode to Joe, provavelmente o momento mais low key do álbum, uma música facilmente esquecida, e os 6 minutos de música também não ajudam, provavelmente a que eu menos gosto, mas mesmo assim uma boa música.

De seguida temos outra música que não aprecio tanto, IWill Be The World, provavelmente a música mais alternativa e com uns vocais mais low key, sendo um bocado creepy em alguns momentos, apesar de não ser das minhas preferidas consigo admitir que é uma música muito boa, diferente da atmosfera do álbum, mas que resume muito bem este momento mais dark no álbum.

Após essa temos a música com mais significado para mim Prague '99, sendo uma variação da original Prague do EP Koso, e esta música é me especial porque foi a primeira música que ouvi desta magnifica banda. E após um milhão de audições (alerta hipérbole) nunca me canso de a ouvir, e esta nova versão veio adicionar harmonias novas que tornou esta composição mais alegre e refrescante, a música começa num tom mais baixo, com um riff simples e a voz vibrante de Ben, mas vai rapidamente ficando mais interessante e mais fast-forward, a letra também das melhores falando que num mundo como este de destruição existe sempre na nossa cabeça a voz de alguém que nos faz viver. No geral uma fantástica música, sendo energética em alguns momentos e calma noutros, harmonias fantásticas e uma letra poética.

De seguida temos a música de 8 minutos Swans, e é sempre difícil falar de uma música assim tão longa, porque normalmente elas tem tantos elementos que se torna difícil escolher o que se destaca. Á semelhança de Prague '99 , a música começa em low key mas vai crescendo, mas nunca sendo tão energética, sendo mais sentimental e confiando mais nos backing voclas para criar harmonia.

A última música do álbum curiosamente tem o nome do mesmo That's Your Lot, é a música mais romântica, fazendo a descrição do que parece ser uma relação de 3 anos que passou muito depressa. No geral é uma boa música para acabar o álbum, uma música calma e sentimental que provavelmente iria parecer fora do sítio em outro lugar no álbum.

A única coisa que me surpreende nesta banda é não ser mais reconhecida, a banda tem um enorme potencial, se o primeiro álbum soa assim tão bom, e com esta maturidade, a tendência tem de ser para subir. Dos melhores álbuns indie que já ouvi na minha curta vida, cria uma atmosfera própria, atmosfera essa de tristeza de felicidade, com músicas que me fazem arrepiar, músicas que me fazem cantar e músicas que me fazem vibrar. Só espero um dia poder sentir isto num concerto deles.